A Polícia Civil de Minas Gerais abriu um inquérito para investigar sérias denúncias envolvendo o ex-presidente e a ex-coordenadora de uma casa de acolhimento de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade na cidade de Andradas, Minas Gerais, de acordo com informações divulgadas pelo portal de notícias G1 Sul de Minas.
De acordo com as informações obtidas junto ao G1 Sul de Minas, duas mulheres, que preferem manter suas identidades em sigilo, relataram terem sido vítimas de assédio por parte de Djalma A. Gomes, que na época ocupava o cargo de presidente da ONG onde trabalhavam. Essas denúncias apontam para a utilização de meios de mensagens, muitas vezes fora do horário de trabalho, para assediar as vítimas. Elas descreveram a pressão exercida por Gomes e a dificuldade em resistir a essa situação. Em algumas ocasiões, as vítimas cederam a brincadeiras e concessões com o objetivo de minimizar o ambiente hostil, mas logo perceberam que essa não era a solução para o problema.
As denúncias revelam que os assédios aconteciam tanto nas dependências da instituição como também no escritório de Djalma Gomes, que é advogado. As vítimas afirmam que eram chamadas ao escritório sob o pretexto de tratar de assuntos da instituição, mas lá eram vítimas.
Ex-funcionários da ONG também relataram outras irregularidades, incluindo a falta de alimentação adequada para as crianças em algumas ocasiões. Itens essenciais, como fraldas, achocolatados, leite para as crianças, lenços umedecidos e produtos de higiene, eram escassos na casa. Além disso, os ex-funcionários afirmam que não havia prestação de contas adequada e que a instituição não fornecia informações sobre a Festa do Vinho realizada nos últimos três anos.
Os denunciantes alegam terem sido ameaçados quando tentaram levantar preocupações sobre essas questões. Djalma Gomes teria recorrido a táticas de coação, inclusive difamação de ex-funcionários que saíam da instituição, afirmando que ele era vingativo e que não deveriam enfrentá-lo. Também é relatado que ele tinha o hábito de perseguir seus ex-funcionários, monitorando suas atividades e contatos.
A coordenadora da ONG também é alvo de denúncias, incluindo o caso em que teria forçado uma criança a escrever repetidamente a frase “eu não vou mais brincar na hora de estudar”. Em outubro do ano passado, a reportagem da EPTV, afiliada da TV Globo, visitou a instituição, mas a coordenadora se recusou a falar até que as denúncias fossem devidamente apuradas.
No ano passado, o Ministério Público arquivou denúncias relacionadas a irregularidades na instituição e recomendou que a prefeitura avaliasse maneiras de melhorar o serviço e que a diretoria da Casa fosse informada sobre as denúncias, de acordo com despacho do promotor Victor Hugo Rena Pereira.