INB obtém licença para desmonte da mina de urânio em Caldas

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A estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB) obteve a licença ambiental aguardada desde a década de 1990 para iniciar o desmonte da primeira unidade de exploração de urânio no Brasil, localizada em Caldas, sul de Minas Gerais. A autorização foi concedida pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e libera o chamado “descomissionamento” da mina, cuja exploração começou em 1982 e foi encerrada em 1995.

O maior problema é o destino do material radioativo que existe no local. De acordo com o presidente da INB, Adauto Seixas, diversos países, como Rússia, Índia, Canadá, França, China e Coreia do Sul, enviaram representantes para avaliar o material. A China demonstrou maior interesse, e as negociações estão avançando. “Não estamos pensando em lucro, apenas em nos livrar do passivo ambiental”, afirmou Seixas ao Jornal o Tempo.

Toneladas de resíduos radioativos

Apesar da liberação, a INB ainda enfrenta um grande desafio: se livrar do passivo ambiental bilionário deixado pela mineração. No local, estão armazenadas milhões de toneladas de resíduos radioativos, conhecidos como “torta 2”, distribuídos em:

  • 19.600 tambores metálicos com 285 litros de material cada;
  • 19.175 bombonas plásticas de 100 litros cada.

O custo estimado para o tratamento e descarte correto desse material é de aproximadamente R$ 1,2 bilhão, valor que a estatal não possui em caixa. Como alternativa, a INB está tentando vender o resíduo para outros países interessados no processamento dos minérios contidos nele.

Custo e prazo para o desmonte

Inicialmente, a INB estimava que o desmonte e a recuperação ambiental da unidade custariam US$ 500 milhões (cerca de R$ 3 bilhões). No entanto, após revisão, a previsão caiu para R$ 700 milhões devido à possibilidade de venda do lixo radioativo e ajustes no projeto.

O prazo para a conclusão do desmonte varia entre 20 e 30 anos. Pequenas ações de descomissionamento foram realizadas nos últimos 30 anos, mas agora o trabalho efetivo terá início. “Espero vender esse material ainda este ano. Se conseguirmos retirá-lo de Caldas, já será um sonho”, disse o presidente da INB.

Próximos passos e futuro da mineração de urânio no Brasil

Para este ano, está previsto um investimento entre R$ 10 milhões e R$ 11 milhões nas primeiras etapas do desmonte, com um total de R$ 190 milhões já reservados para os próximos 15 anos.

Atualmente, a extração de urânio no Brasil está concentrada em Caetité, Bahia, mas a INB planeja expandir a produção com o Projeto Santa Quitéria (PSQ), no Ceará. A meta é extrair 2.300 toneladas de concentrado de urânio por ano, reforçando a produção de combustível para as usinas nucleares Angra 1 e 2, no Rio de Janeiro.

O desmonte da unidade de Poços de Caldas marca um passo importante na gestão ambiental da mineração de urânio no Brasil, mas ainda depende da resolução do problema dos resíduos radioativos para avançar de forma definitiva.

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