Lula e Trump na Assembleia Geral da ONU: discursos, polêmicas e falácias

Em 23 de setembro de 2025, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva abriu o debate geral da 80ª Assembleia Geral da ONU com um discurso voltado à soberania nacional, democracia, multilateralismo e críticas às medidas unilaterais adotadas por países poderosos. Logo depois, Donald Trump discursou com uma retórica agressiva: atacou o multilateralismo, questionou a eficácia da ONU, fez autoelogios e também fez críticas a países como Brasil.

O ambiente diplomático já estava tenso: o Brasil reagia às medidas tarifárias e sanções impostas pelos EUA, que o governo brasileiro criticou como arbitrariedades e ingerências.

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Principais afirmações polêmicas / falácias atribuídas

Ao longo dos discursos e repercussões, algumas afirmações levantaram questionamentos — seja por exagero, viés de interpretação, omissões ou pelo fato de extrapolarem os dados disponíveis. Aqui estão algumas delas:

DeclaraçãoQuem fezPor que é controversa / possivelmente falaciosaComentários críticos / checagens
“Tarifas de 50 % sobre produtos brasileiros são justificadas por cerceamento de liberdade nos EUA, e que o Brasil só “se dará bem” se trabalhar com os EUA”TrumpA declaração associa problemas internos do Brasil às relações bilaterais com os EUA de forma simplista e tende a responsabilizar unilateralmente o Brasil pelas dificuldades econômicas.Críticos apontam que há questões estruturais internas no Brasil que não são explicadas por esse discurso. Brasil de Fato
“A ONU só faz cartas vazias / palavras fortes que não resolvem guerras”TrumpÉ uma generalização que despreza os papéis operacionais e normativos da ONU (missões de paz, agências técnicas, mediação diplomática)Embora a ONU enfrente críticas e limitações, afirmar que “só” produz discursos é reduzir seu campo de atuação drasticamente. The Washington Post+1
Críticas a “medidas unilaterais e arbitrárias” contra o Brasil (sanções, intervenções, ingerência)LulaEmbora existam casos reais de sanções e restrições, o discurso pode omitir nuances e apresentar tudo como ataque externo injustificadoO discurso de Lula foi elogiado por alguns, criticado por outros — um editorial chamou de “vitimismo, obviedades e fake news” algumas das afirmações feitas por ele. Gazeta do Povo
Acusações veladas contra “falsos patriotas” que colaboram com ingerências externasLulaÉ uma expressão vaga que pode servir para rotular opositores políticos como “inimigos da pátria”O discurso misturou crítica externa com recados internos ao ambiente político brasileiro. CartaCapital+1
Autoproclamações de feitos: por exemplo, Trump dizendo que encerrou sete guerras ou que seus resultados justificam um Prêmio Nobel da PazTrumpEssas afirmações exigem comprovação e costumam exagerar o impacto real das políticas externasAnalistas apontam que muitas dessas afirmações dependem de interpretações seletivas de eventos geopolíticos. Brasil de Fato+2The Washington Post+2

Análise das falácias e estratégias retóricas

  1. Generalização / simplificação excessiva
    Ex: “a ONU só fala” ou “medidas unilaterais são sempre arbitrárias”. Ambas as posições pintam o mundo internacional de preto-e-branco, ignorando complexidades.
  2. Apelo à narrativa de vítima ou soberania absoluta
    Lula emprega a ideia de que o Brasil sofre pressão externa injusta, o que pode mobilizar apoio interno, mas nem sempre expõe as contradições ou responsabilidades domésticas.
  3. Autoelogio como estratégia retórica
    Trump tenta reforçar sua imagem de líder global que “resolve conflitos”, mesmo que a eficácia dessas resoluções seja debatível.
  4. Uso de termos vagos e simbólicos
    Expressões como “falsos patriotas”, “ingerência”, “ações unilaterais arbitrárias” servem mais para marcar identidade política do que para oferecer argumentos precisos.
  5. Omissão de contextos ou de dados contrários
    Em discursos políticos de alto nível, é comum que aspectos negativos ou controversos sejam ocultados ou minimizados.

Impacto e reação internacional

  • A postura firme de Lula reforça sua narrativa de que o Brasil quer ter voz própria no tabuleiro internacional, não subserviência à potência dominante. Reuters+2The Guardian+2
  • A retórica agressiva de Trump busca reposicionar os EUA como protagonista forte no mundo, minimizando a utilidade de organismos multilaterais — algo que pode gerar tensões com aliados tradicionais. The Washington Post+2The Washington Post+2
  • No Brasil, analistas e veículos de mídia repercutiram de maneira diversa: alguns elogiam a firmeza de Lula, outros criticam polarização ou discurso inflamado. Gazeta do Povo
  • Diplomáticos e especialistas em relações internacionais lembrarão que discursos na ONU têm simbolismo forte — mas geralmente produzem efeitos concretos apenas quando seguidos de ações diplomáticas e políticas sustentadas.
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