A Indústrias Nucleares do Brasil (INB) tem se empenhado em conter a dispersão de partículas sólidas, incluindo urânio misturado com cal, nas águas da região de Andradas e Caldas, no estado de Minas Gerais. Para atingir esse objetivo, a INB instalou duas barreiras de turbidez na Barragem de Águas Claras, na Unidade de Descomissionamento de Caldas (UDC), em Caldas/MG.
Essas barreiras, dispositivos flutuantes, têm como finalidade impedir a passagem de partículas sólidas, o que contribui para conter os sedimentos e proteger o meio ambiente local. Entretanto, a INB não forneceu informações sobre o destino final das partículas contendo material radioativo.
Essa ação da INB atende a uma condicionante estabelecida pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) para a utilização do canal de desvio do efluente tratado até o Córrego do Cercado, que desemboca na Barragem de Águas Claras. A segunda barreira de turbidez foi instalada no início de outubro, no ponto de deságue da Barragem D4 para a Barragem de Águas Claras, visando conter os sólidos que ainda eram carreados, evitando assim a dispersão desses resíduos para o Ribeirão das Antas. Vale ressaltar que, anteriormente, o efluente tratado era lançado diretamente na Barragem D4, sem esse sistema de controle.
O problema da dispersão de partículas sólidas, datando pelo menos desde 1982, quando as atividades da cava da mina, a primeira mina de urânio do Brasil, foram paralisadas, é um legado das decisões do governo militar em 1977. A INB só recentemente tem tomado medidas para minimizar o impacto ambiental na região.
A empresa relata que os benefícios dessas medidas começaram a ser percebidos pouco tempo após o início da operação em setembro. Houve uma redução significativa, de cerca de 78%, no fluxo de água para o sistema, bem como uma redução de aproximadamente 70% na quantidade de partículas sólidas provenientes da Barragem D4 para a Barragem de Águas Claras.
Nas últimas semanas, essa tendência de diminuição se acentuou ainda mais, alcançando uma redução média de 94%. Além disso, observou-se o rebaixamento do nível do reservatório da Barragem D4 e a compactação do sedimento existente, o que favorece a condição de segurança do barramento.
Embora essas medidas representem um passo importante na mitigação do problema ambiental, a questão sobre o destino final das partículas contendo material radioativo ainda permanece sem resposta, destacando a importância de maior transparência e preocupação com a gestão desses materiais.