A pandemia de Covid-19 deu grande visibilidade aos prefeitos, sobretudo nas grandes cidades. Na opinião do cientista político Antonio Lavareda, esse cenário favorece a reeleição de gestores no pleito municipal do próximo domingo (15). Segundo Lavareda, a maioria dos prefeitos que disputam um novo mandato deve ter êxito nas urnas. “Estou projetando um percentual de 80% nas maiores cidades, de 75% ou mais nas capitais e de 60% no total dos municípios. Muitos prefeitos ganharam protagonismo por causa da pandemia”, diz.
Em 2016, a taxa de reeleição foi significativamente menor: 47% dos prefeitos que se recandidataram saíram vitoriosos. Nos municípios com mais de 200 mil eleitores, o índice foi de 64%. Mas 2016 foi um ponto fora da curva em relação aos números de 2012 e 2008, por exemplo. As taxas de quatro anos atrás foram atípicas. Para Lavareda, a marca da crítica e da mudança prevaleceu, em 2016, sobre a tendência de manutenção.
Presidente do conselho científico do instituto Ipespe, ele também descarta uma onda direitista similar à de 2018. A seu ver, legendas de centro, como o PSD, devem crescer, enquanto o MDB, por sua penetração nacional, se manterá como partido com mais prefeitos no Brasil. Mas há chances de crescimento da esquerda – e parte desse avanço será relacionado a uma recuperação do PT em relação a seu desempenho quatro anos atrás.
Nos 95 municípios brasileiros com mais de 200 mil eleitores, os petistas elegeram 19 prefeitos em 2012, no auge do governo Dilma Rousseff. Porém, com a escalada golpista que levou à derrubada da presidenta, o PT teve apenas um prefeito eleito nesses 95 municípios em 2016. Conforme as projeções de Lavareda, baseadas nas últimas pesquisas eleitorais, é provável que o partido vença, agora, em sete desses municípios maiores.
“O PT vai começar a recuperação na base do sistema, pelos municípios”, estima o cientista político, com uma ponderação: “O PT volta a ganhar musculatura, mas não como o maior partido de esquerda.” Em outras palavras, os petistas não vão repetir o recorde de prefeituras conquistadas em uma única eleição (638, em 2012), mas irão bem melhor do que em 2016 (254 prefeituras). Entre os partidos do campo democrático-progressista, ficarão atrás, por exemplo, do PSB, que deve ter um bom desempenho em 2020.
Para o segundo turno, Lavareda vislumbra oito disputas entre esquerda e centro. Exemplo disso é em São Paulo, onde Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL) podem se enfrentar no turno final. Mesmo que a esquerda, em geral, não seja favorita na maior parte desses municípios, é um cenário melhor que o de 2016, ano em que a disputa predominante no segundo turno (com sete ocorrências) foi entre centro e direita.
Do portal Vermelho